O trÃ˘nsito está cada vez pior nesta nossa cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro! Muitos cariocas dizem esta frase – com pequenas variações - por aqui. E é verdade: o trÃ˘nsito nunca esteve pior, pois há mais carros na rua, mais maus motoristas dirigindo estes mesmos carros, péssima pavimentação asfáltica, pedestres mal educados, companhia de engenharia de tráfego inepta, guardas municipais incompetentes, departamento de trÃ˘nsito ineficaz, insegurança, violência, e ainda um grande número de problemas que se fôssemos listar aqui daria um volume maior de páginas do que o antigo catálogo telefônico da TELERJ.
Temos muitos problemas, mas e a solução? A solução sempre começa pela educação do cidadão. A solução sempre começa, também, pela vontade dos governantes. A solução sempre começa, por fim, pela tentativa de ver, globalmente, sem quaisquer preconceitos, o motivo real de o trÃ˘nsito estar tão ruim. E a resposta é simples: o motivo é você, sou eu, somos todos nós. Todos nós somos culpados pelos problemas de trÃ˘nsito: os pedestres, os motoristas, os governantes, os que não se importam com o trÃ˘nsito, os que ajudam a tornar o nosso trÃ˘nsito diuturno uma conversa em que um não quer ouvir e o outro não quer falar.
Vamos à primeira questão simples: “Você já avançou o semáforo (aqui, no Rio de Janeiro, dizemos “sinal”) vermelho, como motorista ou como pedestre?” Quem disser que não, nunca, estará mentindo, ou, no mínimo, tendo um problema de memória! Não há quem não tenha visto o semáforo passar de amarelo para vermelho como motorista e não tenha avançado. Não são poucos os casos de multa nestes casos, nos quais os motoristas reclamam da “velocidade” na qual a luz amarela passa para a vermelha. Não são poucos, da mesma forma, os casos de pedestres que, literalmente, se “jogam” na frente dos carros – e alguns são atropelados, dentro e fora da faixa de pedestre - , sem esperar pelo “verde” aparecer. De quem será a culpa? Cada pedestre – assim como cada motorista – viria com frases como estas: “estou com pressa”, “não posso esperar”, “não tenho tempo, nem paciência para esperar”, “o sinal demora demais a ficar verde e fica vermelho muito rápido”, “os outros motoristas avançam o sinal antes de ele ficar verde”, e etc. Cada um dá a sua desculpa, mas, outra vez, voltamos à mesma questão: todos somos culpados. Parece haver uma espécie de daltonismo de pedestres e motoristas: ninguém vê o sinal vermelho, todos só veem – ou querem ver – o sinal verde.
Vamos à segunda questão, desta vez não muito simples: “Você, motorista em geral, tem os hábitos seguintes: ligar a seta quando entra em vaga, sai de vaga, muda de faixa de rolamento; fazer conversão permitida; só ligar o pisca alerta quando o carro está parado; só usar a buzina em casos excepcionais; dar passagem para outros carros; não mudar de pista constantemente; respeitar o limite de velocidade; respeita as pistas de rolamento; respeitar a faixa de pedestre; não obstruir carros em vias transversais à sua; só estacionar em local permitido; respeitar os funcionários do trÃ˘nsito; não dirigir embriagado ou sob efeito de drogas legais ou ilegais; não dirigir falando ao celular ou com o braço para fora do carro; respeitar a distÃ˘ncia entre um carro e outro para não haver batidas traseiras?” Se a resposta for sim, parabéns, você é um motorista exemplar e deve ser uma “avis rara” no trÃ˘nsito. Não sei quem é você, motorista consciente, mas eu não o conheço, nunca o vi dirigindo, mas quando o vir darei uma medalha para você! Você deve ser o único caso de motorista com responsabilidade na direção. E este é que é o grande problema: a responsabilidade é uma raridade tão grande no trÃ˘nsito quanto é a honestidade na política: não posso afirmar não haver político honesto, mas, se houver, deve ser em número menor do que os motoristas responsáveis.
Já disseram que sou muito radical em algumas questões e o trÃ˘nsito é uma dessas questões: não há meio-termo, ou você é responsável no trÃ˘nsito, pensa na sua segurança e na dos outros antes de tudo, ou você deveria ter sua carteira de motorista cassada para sempre! Se você age de forma perigosa no trÃ˘nsito, não deveria estar dirigindo!
Terminando esta pequena conversa sobre trÃ˘nsito só posso dizer mais uma coisa: dirigir é complicado e não simples, implica em ter atenção, conhecer e aplicar as regras de trÃ˘nsito e respeitar os outros, sejam eles motoristas ou pedestres. E pense bem nesta última questão: “Todo motorista também não é pedestre, então porque não há um respeito mútuo entre ambos?”