[caption id="attachment_1003" align="alignright" width="300" caption="Clique na imagem para ver"][/caption]
- 1. O que é crack ?
É uma substância psicoativa euforizante (estimulante), preparada à base da
mistura da pasta de cocaína com bicarbonato de sódio. Para obtenção das pedras de crack também são misturadas à cocaína diversas substâncias tóxicas como gasolina,querosene e até água de bateria. A pedra de crack não é solúvel em água e não pode ser injetada. Ela é fumada em cachimbo, tubo de PVC ou aquecida numa lata. Após ser aquecida em temperatura média de 95°C, passa do estado sólido ao de vapor. Quando queima, produz o ruído que lhe deu o nome. Pode ser misturada com maconha e fumada com ela.
A merla, também conhecida como mela, mel ou melado, preparada de forma
diversa do crack, apresenta-se sob a forma de uma base e também é fumada.
Utilizada predominantemente no Distrito Federal, a merla é extremamente tóxica e acarreta sérias complicaçôes médicas.
2 Quais seus efeitos imediatos? Ao ser fumado, é absorvido pelo pulmão e chega ao cérebro em 10 segundos.
Após a “pipada” (ato de inalar a fumaça), o usuário sente grande prazer, intensa euforia, sensação de poder, excitação, hiperatividade, insônia, perda de sensação de cansaço e falta de apetite. O uso passa a ser compulsivo, pois o efeito dura apenas de 5 a 10 minutos e a “fissura” (vontade) em usar novamente a droga torna-se incontrolável. Segue-se repentina e profunda depressão e surge desejo intenso de uso repetido imediato. Assim, serão usadas muitas pedras em seguida para manter o efeito estimulante.
3 Como causa dependência? Por ser fumado, expande-se pela grande área da superfície do pulmão e é
absorvido em grande quantidade pela circulação sanguínea. O efeito é rápido e
potente, porém passa depressa, o que leva ao consumo desenfreado.
4 Quais as consequências do uso em médio e longo prazo?Físicas: Danos ao pulmão, associado a fortes dores no peito, bronquite e
asma; aumento da temperatura corporal com risco de causar acidente vascular
cerebral; destruição de células cerebrais e degeneração muscular, o que confere aquela aparência esquelética do usuário frequente. Inibição da fome e insônia severa. Além disso, os materiais utilizados para a confecção dos cachimbos são muitas vezes coletados na rua ou no lixo e apresentam risco de contaminação infecciosa, gerando potencial elevação dos níveis de alumínio no sangue, de modo a aumentar os danos no sistema nervoso central. São comuns queimaduras labiais, no nariz e nos dedos dos usuários.
Psicológicas: Fácil dependência após uso inicial. Grande desconforto durante
abstinência gerando depressão, ansiedade e agressividade contra terceiros. Há
diminuição marcante do interesse sexual. A necessidade do uso frequente acarreta delitos, para obtenção de dinheiro, venda de bens pessoais e familiares, e até prostituição, tudo para sustentar o vício. A promiscuidade leva a grave risco de se contrair AIDS e outras DSTs (doenças sexualmente transmissíveis). O usuário também apresenta com frequência atitudes bizarras devido ao aparecimento de paranóia (“nóia”), colocando em risco a própria vida e a dos outros.
Sociais: Abandono do trabalho, estudo ou qualquer outro interesse que não
seja a droga. Deterioração das relaçôes familiares, com violência doméstica e freqüente abandono do lar. Grande possibilidade de envolvimento com criminalidade. A ruptura ou a fragilização das redes de relação social, familiar e de trabalho normalmente leva a aumento da estigmatização do usuário, agravando sua exclusão social. É comum que usuários de crack matem ou sejam mortos.
5 Quem é o usuário de crack? Por muito tempo a dependência química foi considerada uma doença masculina; aspectos sociais e culturais que propiciavam mais acesso masculino às drogas levavam a crer que eles seriam mais suscetíveis. No entanto, atualmente, o consumo de substâncias ilícitas e álcool é indiscriminado entre mulheres e homens adultos e adolescentes. No caso do crack, implicam-se no uso até mesmo crianças de várias idades.
Também acreditava-se anteriormente que seu uso era mais intenso nas classes de baixa renda, porém, hoje, a utilização do crack já ocorre em todas as classes sociais. As populaçôes mais vulneráveis, entre elas, moradores de rua, crianças e adolescentes constituem importante grupo de risco.
6 Quais são os sinais para reconhecimento do uso de crack? • abandono de interesses sociais não ligados ao consumo e compra de drogas;
• mudança de companhias e de amigos não ligados ao consumo desta;
• visível mudança física, perda de pelos, pele ressecada, envelhecimento precoce;
• comportamento deprimido, cansaço, e descuido na aparência, irritação e
agressividade com terceiros, por palavras e atitudes;
• dificuldades ou abandono escolar, perda de interesse pelo trabalho ou
hábitos anteriores ao uso do crack;
• mudança de hábitos alimentares, falta de apetite, emagrecimento e insônia
severa;
• atitudes suspeitas, como telefonar para pessoas desconhecidas dos familiares com freqüência e “sumir de casa” sem aviso constantemente;
• extorsão de dinheiro da família com ferocidade;
• mentiras frequentes, ou, recusa em explicar mudança de hábitos ou comportamentos inadequados.
7 Pode ser associado ao uso de outras drogas?É comum que usuários de crack precisem de outras substâncias psicoativas
no período das chamadas “brisas”, ou seja, no período imediato após uso do crack.
Nesse momento, acabando o efeito estimulante, há grande mal-estar, sendo usados álcool, maconha ou outras substâncias para redução desta péssima sensação. O sofrimento psíquico decorrente do uso do crack induz o usuário a múltiplas dependências.
8. Que atitudes podem agravar a situação do usuário? No início do uso da droga, o indivíduo ilude-se, imaginando que “com ele vai
ser diferente”, que “não vai se tornar um viciado”. Mesmo quando progride para a dependência, continua acreditando que “para quando quiser” e não percebe que, na realidade, não quer parar nunca. Pelo contrário, quer sempre mais.
A atitude de negação da doença pela família também é muito nociva. Ela não deve sustentar mentiras para si mesma, amenizando a gravidade da situação
e acreditando que o usuário deixará de usar o crack com o tempo ou sem ajuda
de terceiros. Pessoas que são dependentes de álcool ou tabaco, apesar de serem drogas lícitas, devem entender que, para criticar o outro por se tornar dependente do crack, precisam antes corrigir em si mesmas estes hábitos, pois, do contrário, nãotêm alcance, como exemplo a ser seguido ou ouvido.
9 Quais as atitudes que podem ajudar? Se você é pai, mãe ou tem alguém que lhe é querido, sob suspeita de uso do
crack, principalmente, em faixa de idade vulnerável, como crianças e adolescentes, procure manter bom relacionamento, com o suposto viciado, que garanta abertura para diálogo. O melhor é buscar saber de sua vida, com quem está, os lugares que frequenta, seu desempenho no trabalho ou na escola. Observe se ocorrem mudanças bruscas de comportamento. A manutenção do vínculo afetivo é muito importante, tanto para a detecção do problema, quanto para solução no tratamento. Necessário que haja atenção quanto ao ambiente escolar e à vizinhança. Oriente seu filho ou ente querido a se afastar de pontos de venda de droga ou dos frequentadores desses locais. Adolescentes comumente apresentam comportamento destemido e sentem-se desafiados a se aproximar do perigo para ter a ilusão de que estão acima do bem e do mal.
Como adulto, deixe claro que sua autoridade é fruto não apenas de amor,
mas de capacidade de entender o mundo atual e saber diferenciar o que destrói e o que constrói, em oposição à sedução do traficante.
Os agentes do tráfico procuram ser simpáticos e amistosos para com sua
população-alvo. Ensinam gíria própria e não destoam da imagem da moda seguida pelo público que eles visam. O Disque-Denúncia no seu Estado ou Município pode ser utilizado para denunciar traficantes.
10 Quais as possibilidades de tratamento? Inicialmente é necessária uma avaliação do paciente, para saber sobre o efetivo consumo de crack. A partir deste perfil, ele deverá ser encaminhado ao ambiente e ao modelo de atenção adequado. Deve ser verificado o grau de dependência e o uso nocivo, assim como a intenção voluntária de busca de ajuda para o tratamento. É preciso entender qual o padrão do consumo, que pode oscilar muito, e indicar a gravidade do quadro em relação a cada usuário de crack.
Caracterizam-se três modos de consumo:
• baixo risco: com raros e leves problemas. Isto é excepcional entre usuários
de crack, praticamente inexistente;
• uso nocivo ou abuso: que combina baixo consumo com problemas frequentes
(observável em usuários recentes);
• dependência: alto consumo com graves problemas (é o perfil do usuário
que busca serviço especializado).
O usuário também deve ter avaliada a sua disposição para o tratamento.
É o que se chama classificar o “estágio motivacional”, que irá definir as estratégias e atividades para promoção do tratamento individual.
Princípios para investigação motivacional:
Pré-contemplação: O usuário não tem consciência de que precisa mudar.
É resistente à abordagem e à orientação.
Contemplação: Reconhece o problema, aceita abordagem sobre mudança,
mas continua valorizando e usando a droga.
Preparação: Reconhece o problema, percebe que não consegue resolver
sozinho e pede ajuda. Esta fase pode ser passageira, daí ser necessário pronto atendimento quando solicitada pelo indivíduo.
Ação: O usuário interrompe o consumo, inicia tratamento voluntariamente e precisa ser acompanhado por longo tempo, mesmo melhorando, pois ainda corre grande risco de recaída, mantendo-se ambivalente diante da droga.
Manutenção: Nesta fase, o usuário está em abstinência, com risco de
recaída, ainda possível pela ambivalência de sua relação com a droga e fatores de risco próprios de cada caso. Pensa nela com frequência. Cuida-se preventivamente do risco de recaída.
Recaída: Retorno ao consumo, após período longo de abstinência,
É importante notar que recair não é voltar ao zero.
Necessária esta percepção, para retomar a recuperação, a fim de que a culpa e a desesperança não destruam o novo empenho de melhora.
Quanto mais pronto e motivado o indivíduo, mais objetiva será a proposta
terapêutica, enquanto a situação contrária implicará mais negociação e tempo. Devem ser tratados também problemas psiquiátricos paralelos ao uso do crack. O uso medicamentoso é indicado para auxiliar na redução da vontade do uso da substância (supressão da “fissura”), aliviar os sintomas da abstinência e diminuir, ou mesmo inibir, o comportamento de busca. O tratamento multidisciplinar é a melhor forma de intervenção nestes casos e permite resposta ampla às necessidades, principalmente, do usuário que precisará de abordagens terapêuticas por longo tempo. A recuperação depende fundamentalmente do apoio familiar, da comunidade e da persistência da pessoa. Quanto mais precoce a busca de ajuda, mais provável o sucesso do tratamento. Este é penoso, com grande sofrimento físico e psicológico, além de, dependendo do caso, significativa possibilidade de recaídas. Mesmo o indivíduo abstinente pensa com frequência na droga. É preciso tomar
isso em consideração, para não desanimar e ter coragem de continuar.
A ajuda profissional é indispensável, porém, amor, compreensão e paciência
não são apelos demagógicos; mas, sim, estratégias concretas de ajuda, que qualquer decisão pode proporcionar ao seu semelhante em risco. Manter-se bem informado e ter boa vontade são atitudes que podem contribuir muito para o tratamento dos dependentes químicos.
Apoio Não há tratamento único para o crack, mas é nos Municípios, local onde
as pessoas vivem, que deve ocorrer a atenção integral ao usuário de drogas e às famílias. A detecção precoce e imediata intervenção são importantes aliados no enfrentamento da questão. Para atendimento, procure o CAPSad Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPSad) ou o Programa Saúde da Família no seu Município. Em caso de dúvidas, entre em contato com a Secretaria de Saúde de sua cidade.
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KESSLER, Félix Henrique Paim: Pechansky, F. Uma visão psiquiátrica sobre
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MINISTÉRIO DA SAÚDE – Coordenação Nacional de Saúde Mental, Álcool
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RIBEIRO, M. e Laranjeira, R.R. e col. O Tratamento do usuário de Crack. São
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www.abead.com.br – Associação Brasileira de Estudos sobre Álcool e outras
Drogas
LEITE, Marcos da Costa e col. Cocaína e crack: do fundamento ao tratamento.
Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
Algumas Secretarias:
Secretaria de Estado da Saúde do Ceará Av. Almirante Barroso, 600 - Praia de Iracema - Fortaleza/CE
CEP 60060-440
Telefone: (85) 3101 - 5124/5126
Fax: (85) 3101 - 5275
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CEP 70086-900
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Fax: (61) 3348 - 6276
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CEP 74860-270
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