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- 1. O que é crack ?
É uma substÃ˘ncia psicoativa euforizante (estimulante), preparada à base da
mistura da pasta de cocaína com bicarbonato de sódio. Para obtenção das pedras de crack também são misturadas à cocaína diversas substÃ˘ncias tóxicas como gasolina,querosene e até água de bateria. A pedra de crack não é solúvel em água e não pode ser injetada. Ela é fumada em cachimbo, tubo de PVC ou aquecida numa lata. Após ser aquecida em temperatura média de 95°C, passa do estado sólido ao de vapor. Quando queima, produz o ruído que lhe deu o nome. Pode ser misturada com maconha e fumada com ela.
A merla, também conhecida como mela, mel ou melado, preparada de forma
diversa do crack, apresenta-se sob a forma de uma base e também é fumada.
Utilizada predominantemente no Distrito Federal, a merla é extremamente tóxica e acarreta sérias complicações médicas.
2 Quais seus efeitos imediatos? Ao ser fumado, é absorvido pelo pulmão e chega ao cérebro em 10 segundos.
Após a “pipada” (ato de inalar a fumaça), o usuário sente grande prazer, intensa euforia, sensação de poder, excitação, hiperatividade, insônia, perda de sensação de cansaço e falta de apetite. O uso passa a ser compulsivo, pois o efeito dura apenas de 5 a 10 minutos e a “fissura” (vontade) em usar novamente a droga torna-se incontrolável. Segue-se repentina e profunda depressão e surge desejo intenso de uso repetido imediato. Assim, serão usadas muitas pedras em seguida para manter o efeito estimulante.
3 Como causa dependência? Por ser fumado, expande-se pela grande área da superfície do pulmão e é
absorvido em grande quantidade pela circulação sanguínea. O efeito é rápido e
potente, porém passa depressa, o que leva ao consumo desenfreado.
4 Quais as consequências do uso em médio e longo prazo?Físicas: Danos ao pulmão, associado a fortes dores no peito, bronquite e
asma; aumento da temperatura corporal com risco de causar acidente vascular
cerebral; destruição de células cerebrais e degeneração muscular, o que confere aquela aparência esquelética do usuário frequente. Inibição da fome e insônia severa. Além disso, os materiais utilizados para a confecção dos cachimbos são muitas vezes coletados na rua ou no lixo e apresentam risco de contaminação infecciosa, gerando potencial elevação dos níveis de alumínio no sangue, de modo a aumentar os danos no sistema nervoso central. São comuns queimaduras labiais, no nariz e nos dedos dos usuários.
Psicológicas: Fácil dependência após uso inicial. Grande desconforto durante
abstinência gerando depressão, ansiedade e agressividade contra terceiros. Há
diminuição marcante do interesse sexual. A necessidade do uso frequente acarreta delitos, para obtenção de dinheiro, venda de bens pessoais e familiares, e até prostituição, tudo para sustentar o vício. A promiscuidade leva a grave risco de se contrair AIDS e outras DSTs (doenças sexualmente transmissíveis). O usuário também apresenta com frequência atitudes bizarras devido ao aparecimento de paranóia (“nóia”), colocando em risco a própria vida e a dos outros.
Sociais: Abandono do trabalho, estudo ou qualquer outro interesse que não
seja a droga. Deterioração das relações familiares, com violência doméstica e freqÃĽente abandono do lar. Grande possibilidade de envolvimento com criminalidade. A ruptura ou a fragilização das redes de relação social, familiar e de trabalho normalmente leva a aumento da estigmatização do usuário, agravando sua exclusão social. É comum que usuários de crack matem ou sejam mortos.
5 Quem é o usuário de crack? Por muito tempo a dependência química foi considerada uma doença masculina; aspectos sociais e culturais que propiciavam mais acesso masculino à s drogas levavam a crer que eles seriam mais suscetíveis. No entanto, atualmente, o consumo de substÃ˘ncias ilícitas e álcool é indiscriminado entre mulheres e homens adultos e adolescentes. No caso do crack, implicam-se no uso até mesmo crianças de várias idades.
Também acreditava-se anteriormente que seu uso era mais intenso nas classes de baixa renda, porém, hoje, a utilização do crack já ocorre em todas as classes sociais. As populações mais vulneráveis, entre elas, moradores de rua, crianças e adolescentes constituem importante grupo de risco.
6 Quais são os sinais para reconhecimento do uso de crack? • abandono de interesses sociais não ligados ao consumo e compra de drogas;
• mudança de companhias e de amigos não ligados ao consumo desta;
• visível mudança física, perda de pelos, pele ressecada, envelhecimento precoce;
• comportamento deprimido, cansaço, e descuido na aparência, irritação e
agressividade com terceiros, por palavras e atitudes;
• dificuldades ou abandono escolar, perda de interesse pelo trabalho ou
hábitos anteriores ao uso do crack;
• mudança de hábitos alimentares, falta de apetite, emagrecimento e insônia
severa;
• atitudes suspeitas, como telefonar para pessoas desconhecidas dos familiares com freqÃĽência e “sumir de casa” sem aviso constantemente;
• extorsão de dinheiro da família com ferocidade;
• mentiras frequentes, ou, recusa em explicar mudança de hábitos ou comportamentos inadequados.
7 Pode ser associado ao uso de outras drogas?É comum que usuários de crack precisem de outras substÃ˘ncias psicoativas
no período das chamadas “brisas”, ou seja, no período imediato após uso do crack.
Nesse momento, acabando o efeito estimulante, há grande mal-estar, sendo usados álcool, maconha ou outras substÃ˘ncias para redução desta péssima sensação. O sofrimento psíquico decorrente do uso do crack induz o usuário a múltiplas dependências.
8. Que atitudes podem agravar a situação do usuário? No início do uso da droga, o indivíduo ilude-se, imaginando que “com ele vai
ser diferente”, que “não vai se tornar um viciado”. Mesmo quando progride para a dependência, continua acreditando que “para quando quiser” e não percebe que, na realidade, não quer parar nunca. Pelo contrário, quer sempre mais.
A atitude de negação da doença pela família também é muito nociva. Ela não deve sustentar mentiras para si mesma, amenizando a gravidade da situação
e acreditando que o usuário deixará de usar o crack com o tempo ou sem ajuda
de terceiros. Pessoas que são dependentes de álcool ou tabaco, apesar de serem drogas lícitas, devem entender que, para criticar o outro por se tornar dependente do crack, precisam antes corrigir em si mesmas estes hábitos, pois, do contrário, nãotêm alcance, como exemplo a ser seguido ou ouvido.
9 Quais as atitudes que podem ajudar? Se você é pai, mãe ou tem alguém que lhe é querido, sob suspeita de uso do
crack, principalmente, em faixa de idade vulnerável, como crianças e adolescentes, procure manter bom relacionamento, com o suposto viciado, que garanta abertura para diálogo. O melhor é buscar saber de sua vida, com quem está, os lugares que frequenta, seu desempenho no trabalho ou na escola. Observe se ocorrem mudanças bruscas de comportamento. A manutenção do vínculo afetivo é muito importante, tanto para a detecção do problema, quanto para solução no tratamento. Necessário que haja atenção quanto ao ambiente escolar e à vizinhança. Oriente seu filho ou ente querido a se afastar de pontos de venda de droga ou dos frequentadores desses locais. Adolescentes comumente apresentam comportamento destemido e sentem-se desafiados a se aproximar do perigo para ter a ilusão de que estão acima do bem e do mal.
Como adulto, deixe claro que sua autoridade é fruto não apenas de amor,
mas de capacidade de entender o mundo atual e saber diferenciar o que destrói e o que constrói, em oposição à sedução do traficante.
Os agentes do tráfico procuram ser simpáticos e amistosos para com sua
população-alvo. Ensinam gíria própria e não destoam da imagem da moda seguida pelo público que eles visam. O Disque-Denúncia no seu Estado ou Município pode ser utilizado para denunciar traficantes.
10 Quais as possibilidades de tratamento? Inicialmente é necessária uma avaliação do paciente, para saber sobre o efetivo consumo de crack. A partir deste perfil, ele deverá ser encaminhado ao ambiente e ao modelo de atenção adequado. Deve ser verificado o grau de dependência e o uso nocivo, assim como a intenção voluntária de busca de ajuda para o tratamento. É preciso entender qual o padrão do consumo, que pode oscilar muito, e indicar a gravidade do quadro em relação a cada usuário de crack.
Caracterizam-se três modos de consumo:
• baixo risco: com raros e leves problemas. Isto é excepcional entre usuários
de crack, praticamente inexistente;
• uso nocivo ou abuso: que combina baixo consumo com problemas frequentes
(observável em usuários recentes);
• dependência: alto consumo com graves problemas (é o perfil do usuário
que busca serviço especializado).
O usuário também deve ter avaliada a sua disposição para o tratamento.
É o que se chama classificar o “estágio motivacional”, que irá definir as estratégias e atividades para promoção do tratamento individual.
Princípios para investigação motivacional:
Pré-contemplação: O usuário não tem consciência de que precisa mudar.
É resistente à abordagem e à orientação.
Contemplação: Reconhece o problema, aceita abordagem sobre mudança,
mas continua valorizando e usando a droga.
Preparação: Reconhece o problema, percebe que não consegue resolver
sozinho e pede ajuda. Esta fase pode ser passageira, daí ser necessário pronto atendimento quando solicitada pelo indivíduo.
Ação: O usuário interrompe o consumo, inicia tratamento voluntariamente e precisa ser acompanhado por longo tempo, mesmo melhorando, pois ainda corre grande risco de recaída, mantendo-se ambivalente diante da droga.
Manutenção: Nesta fase, o usuário está em abstinência, com risco de
recaída, ainda possível pela ambivalência de sua relação com a droga e fatores de risco próprios de cada caso. Pensa nela com frequência. Cuida-se preventivamente do risco de recaída.
Recaída: Retorno ao consumo, após período longo de abstinência,
É importante notar que recair não é voltar ao zero.
Necessária esta percepção, para retomar a recuperação, a fim de que a culpa e a desesperança não destruam o novo empenho de melhora.
Quanto mais pronto e motivado o indivíduo, mais objetiva será a proposta
terapêutica, enquanto a situação contrária implicará mais negociação e tempo. Devem ser tratados também problemas psiquiátricos paralelos ao uso do crack. O uso medicamentoso é indicado para auxiliar na redução da vontade do uso da substÃ˘ncia (supressão da “fissura”), aliviar os sintomas da abstinência e diminuir, ou mesmo inibir, o comportamento de busca. O tratamento multidisciplinar é a melhor forma de intervenção nestes casos e permite resposta ampla à s necessidades, principalmente, do usuário que precisará de abordagens terapêuticas por longo tempo. A recuperação depende fundamentalmente do apoio familiar, da comunidade e da persistência da pessoa. Quanto mais precoce a busca de ajuda, mais provável o sucesso do tratamento. Este é penoso, com grande sofrimento físico e psicológico, além de, dependendo do caso, significativa possibilidade de recaídas. Mesmo o indivíduo abstinente pensa com frequência na droga. É preciso tomar
isso em consideração, para não desanimar e ter coragem de continuar.
A ajuda profissional é indispensável, porém, amor, compreensão e paciência
não são apelos demagógicos; mas, sim, estratégias concretas de ajuda, que qualquer decisão pode proporcionar ao seu semelhante em risco. Manter-se bem informado e ter boa vontade são atitudes que podem contribuir muito para o tratamento dos dependentes químicos.
Apoio Não há tratamento único para o crack, mas é nos Municípios, local onde
as pessoas vivem, que deve ocorrer a atenção integral ao usuário de drogas e à s famílias. A detecção precoce e imediata intervenção são importantes aliados no enfrentamento da questão. Para atendimento, procure o CAPSad Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPSad) ou o Programa Saúde da Família no seu Município. Em caso de dúvidas, entre em contato com a Secretaria de Saúde de sua cidade.
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KESSLER, Félix Henrique Paim: Pechansky, F. Uma visão psiquiátrica sobre
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MINISTÉRIO DA SAÚDE – Coordenação Nacional de Saúde Mental, Álcool
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MACFARLENE, A. et al. Que droga é essa? São Paulo: ED. 34.2003
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LEITE, Marcos da Costa e col. Cocaína e crack: do fundamento ao tratamento.
Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
Algumas Secretarias:
Secretaria de Estado da Saúde do Ceará Av. Almirante Barroso, 600 - Praia de Iracema - Fortaleza/CE
CEP 60060-440
Telefone: (85) 3101 - 5124/5126
Fax: (85) 3101 - 5275
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CEP 70086-900
Telefone: (61) 3347-3235 / 3348 - 6104
Fax: (61) 3348 - 6276
Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo Av. Marechal Mascarenhas de Moraes, 2025 - Bento Ferreira - Vitória/ES
CEP 29050-625
Telefone: (27) 3137-2306 / 2309 / 2333
Fax: (27) 3314 - 5254
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CEP 74860-270
Telefone: (62) 3201-2444/3768/3822
Fax: (62) 3201-3824
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CEP 65076-820
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CEP 80230-140
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CEP 50751-530
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Secretaria de Estado da Saúde do Piauí Av. Pedro Freitas, s/n - Bloco “A” Centro administrativo - Teresina/PI
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