STJ:Não é abusiva cláusula que responsabiliza comprador pela desocupação de imóvel adquirido da CEF
  
Escrito por: Mauricio Miranda 13-03-2017 Visto: 448 vezes


Notícia extraída do site do Superior Tribunal de Justiça:



DECISÃO



13/3/2017 9h44min



Não é abusiva cláusula que responsabiliza comprador pela desocupação de imóvel adquirido da CEF



A cláusula contratual que impôe ao comprador a responsabilidade pela desocupação do imóvel ocupado, comum em contratos de compra de bens da Caixa Econômica Federal (CEF), não é abusiva, segundo entendimento unânime da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ).



A decisão foi tomada na análise de recurso interposto pelo Ministério Público Federal (MPF), que considerou a cláusula abusiva porque “sujeita exclusivamente o consumidor a eventuais providências necessárias à desocupação do imóvel, quando ocupado por terceiros”.



Para o MPF, essa obrigação é “excessivamente onerosa”, na medida em que o comprador passa a arcar com todas as despesas antes de assumir a posse do imóvel, como prestaçôes do financiamento, condomínio, água, luz, IPTU e demais encargos.



Preço



De acordo com o relator do caso no STJ, ministro Villas Bôas Cueva, a oferta desses imóveis se dá por preço “consideravelmente inferior” ao valor real, em razão da situação peculiar em que se encontram, principalmente porque estão ocupados.



“Não havendo omissão sobre o fato de o bem estar ocupado por terceiro, não se afigura iníqua ou abusiva, não acarreta exagerada desvantagem para o adquirente nem cria situação de incompatibilidade com os postulados da boa-fé e da equidade a cláusula contratual que impôe ao adquirente o ônus pela desocupação do imóvel”, considerou o ministro.



Cueva salientou ainda que a aquisição de imóvel pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) não afasta a liberdade de contratação e a força vinculante do contrato. Para ele, o SFH tem regime jurídico próprio, de modo que há diversos mecanismos a fim de atender as suas peculiaridades.



Segurança



“A estabilidade nas relaçôes entre mutuários e o agente financeiro e o prestígio à segurança jurídica no âmbito das obrigaçôes pactuadas são caminhos para manter a higidez do sistema e viabilizar que um maior número de pessoas possa adquirir um imóvel”, afirmou.



O relator sublinhou que a oferta de imóvel nas condiçôes em que se encontra é compatível com as diretrizes do SFH e com a “lógica do sistema financeiro”, já que evita o estoque de unidades, circunstância que seria “extremamente danosa ao SFH”, pois bloquearia “um valor expressivo de capital, cujo retorno deveria reverter para a carteira de crédito imobiliário, propiciando novas operaçôes de crédito para famílias sem casa própria”.



Esta notícia refere-se ao(s) processo(s):REsp 1509933



 


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