STJ:Guarda compartilhada de menor é negada em caso de desentendimento dos pais
  
Escrito por: Mauricio Miranda 13-07-2016 Visto: 673 vezes



Notícia extraída do site do Superior Tribunal de Justiça:



“DECISÃO



13-7-2016 16h30min



Guarda compartilhada de menor é negada em caso de desentendimento dos pais



Acompanhando o voto do relator, ministro João Otávio de Noronha, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou pedido de um pai que buscava o compartilhamento da guarda da filha de quatro anos de idade. O recurso especial foi rejeitado por total falta de consenso entre os genitores.



No pedido, que já havia sido rejeitado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), o pai sustentou que a harmonia entre o casal não pode ser pressuposto para a concessão da guarda compartilhada e que a negativa fere seu direito de participar da vida da menor em igualdade de condiçôes com a mãe.



Ausência de diálogo



A sentença da Justiça mineira concluiu que ambos os pais têm condiçôes de exercer suas funçôes, mas não em conjunto. O julgado estabeleceu que os dois não demonstram possibilidade de diálogo, cooperação e responsabilidade conjunta.



Além disso, observou que o casal não conseguiu separar as questôes relativas ao relacionamento do exercício da responsabilidade parental. Em consequência, o juiz negou o compartilhamento da guarda, fixou alimentos e regulamentou o regime de visitas.



Para o relator, a controvérsia é relevante, pois envolve a possibilidade de guarda compartilhada de filho, mesmo havendo dissenso entre os genitores. O entendimento dominante indica que o compartilhamento deve ser aplicado em todos os casos, cabendo ao Judiciário a imposição das atribuiçôes de cada um. 



Citando integralmente o histórico precedente relatado pela ministra Nancy Andrighi, no qual o STJ firmou o entendimento de que a guarda compartilhada é a regra e a custódia física conjunta sua expressão, João Otávio de Noronha enfatizou que existem situaçôes que fogem à doutrina e à jurisprudência, demandando alternativas de solução.



Interesse do menor



O ministro reconheceu que não existe dúvida de que a regra deve ser o compartilhamento da guarda por atender melhor aos interesses do menor e dos próprios genitores, já que ambos permanecem presentes e influentes na vida cotidiana dos filhos.



Entretanto, no caso em questão, está clara a inviabilidade de seu exercício diante da impossibilidade de os pais chegarem a um acordo sobre quaisquer questôes ou pensarem além de seus próprios interesses.



“Entendo que diante de tais fatos, impor aos pais a guarda compartilhada apenas porque atualmente se tem entendido que esse é o melhor caminho, quando o caso concreto traz informaçôes de que os pais não têm maturidade para o exercício de tal compartilhamento, seria impor à criança a absorção dos conflitos que daí, com certeza, adviriam. E isso, longe de atender seus interesses, pôe em risco seu desenvolvimento psicossocial”, ressaltou o relator em seu voto.  



O ministro reiterou que o maior interesse do compartilhamento da guarda é o bem-estar da menor, que deve encontrar na figura dos pais um ponto de apoio e equilíbrio para seu desenvolvimento intelectual, moral e espiritual.



“Assim, considerando as peculiaridades contidas no presente feito, entendo que não posso contrariar tais conclusôes para adequar a vida de pessoas a um entendimento doutrinário”, concluiu o relator.  A decisão foi unânime.



MC”



 




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